quarta-feira, 20 de maio de 2009

A energia das florestas




Fonte: reprodução



A crise energética



Nos últimos anos o mundo vem sofrendo com um problema causado pelo espantoso desenvolvimento econômico e industrial, que deu início na segunda metade do século XX: a crise energética mundial. A crise energética teve seu boom nos anos 70, após o fim da Segunda Guerra, com a interrupção do suprimento de petróleo, e conseqüentemente o aumento do preço. Na época, muitos especialistas previam a crise, mas poucas eram os meios para evitá-la. Vale recordar, que combustíveis fósseis - como o carvão e o petróleo - começaram a ser utilizados como principais fontes de energia a partir da Segunda Revolução Industrial. A energia desses combustíveis fósseis é limitada, pois se trata de uma fonte de energia não renovável, e a crise surgiu por conta dos anos de exploração, e de um descuido do setor energético, que não se preocupou em acompanhar o crescimento econômico e populacional, e a relação dele com o consumo de energia. A variação no preço, e na produção de petróleo, é uma preocupação na atual conjuntura global, em meio às crises. O petróleo é a base energética dos modernos sistemas de produção, e desempenha um papel importante em relação à energia. Mas nem sempre foi assim, nas sociedades agrárias, e pré-modernas, o principal combustível para a produção de bens de consumo,e de energia, era a madeira em forma de lenha, ou carvão. A lenha é provavelmente o energético mais antigo usado pelo homem, era usada tanto para uso doméstico, como aquecer e cozinhar alimentos, como para o setor industrial no funcionamento das primeiras máquinas industriais. Ao longo do tempo, com o uso irracional e intensivo desse recurso energético, e a extração predatória, comprometeu grandes áreas de floresta em vários países. Na história podemos perceber que o setor industrial tem sido o maior a agente de degradação ambiental. O modo intensivo de como as matérias primas para produção de energia são exploradas, é preocupante, pois ultrapassa os limites de reposição dos recursos naturais. Além do setor industrial, existe ainda a pressão da fronteira agrícola que procura na floresta novas áreas para instalação de pastagens e plantios para atender a demanda mundial de alimento.De acordo com a FAO (órgão da ONU para agricultura e alimentação), é preciso investir em pesquisas de novas tecnologias que permitam a produção de energia de forma mais limpa.




A lenha


A lenha é a terceira matriz energética mais consumida no Brasil, participando com cerca de 10% da produção de energia, atingindo uma produção anual de 97 milhões e 800 mil toneladas. Para se ter uma idéia, esse valor é o equivalente ao peso de cerca de 81 milhões de carros populares, 200 vezes mais do que a frota de carros que circulam pelas ruas de Manaus. Apesar de não ser o energético mais consumido atualmente, a lenha, ainda continua tendo grande importância na Matriz Energética Brasileira, algumas atividades econômicas ainda dependem da lenha para a fabricação de produtos, entre os principais está o tijolo e a cerâmica. E é exatamente nessas fábricas que mora o problema. Você pode não saber ,mas a fabricação dos tijolos que foram usados na construção da sua casa e até do seu “puxadinho”, aquele tijolo comum de oito furos, e aquela cerâmica que foi utilizada na reforma da sua cozinha, inclui uma série processos que degradam a natureza. Basicamente, o tijolo é feito a partir de uma mistura de argila e outros componentes, que depois é assado. O combustível usado para funcionar o forno é a lenha, e essa lenha na maioria das vezes é retirada da natureza de forma irracional, sem nenhum plano de preservação e recolocação das espécies de árvores retiradas. Atualmente existe uma crescente preocupação com os impactos ambientais, muitas empresas e indústrias de países desenvolvidos e em desenvolvimento tem projetos e ações que visam a exploração sustentável da madeira. Até porque as normas ambientais já não admitem a exploração de madeira de modo destrutivo, sem a reposição das espécies. Mas infelizmente não é o que acontece com os setores domésticos e a indústrias de pequeno porte, como as pequenas olarias que fabricam tijolos e cerâmicas, por falta de informação, falta de conhecimento aliados à cultura local, sobrevivência e muitas vezes pela distância, as empresas não tem técnicas adequadas de exploração de madeira. No Amazonas, dois municípios sofrem com a falta de fiscalização, e com a atuação irresponsável dessas pequenas fábricas; Iranduba (a 22 km de Manaus) e Manacapuru (a 88 km de Manaus), são os maiores produtores de tijolos e cerâmicas de Manaus, atendem quase toda demanda desses produtos para a construção civil da cidade. Sendo assim, é o maior consumidor de lenha de todo o estado do Amazonas. Os setores das indústrias de tijolos e cerâmica de pequeno e médio porte da região Amazônica que utilizam energia por meio da queima de biomassa vegetal (lenha), não utilizam madeira plantada, toda lenha utilizada é de floresta nativa. Quem fornece o material para essas indústrias são “produtores” de madeira, que apenas se dão ao trabalho de entrar em uma área de floresta livre de fiscalização, e extraem a madeira em toras que são vendidos por metro corrido. Isso quando não retiram a madeira de unidades de conservação protegida pela lei ambiental. O metro corrido é comercializado entre R$15 e R$20, e consiste em pequenas toras com cerca de meio metro de altura. O baixo custo, aliado ao poder calorífico (o poder de queima) das espécies da região, torna a atividade muito mais viável que a utilização do gás ou combustível fóssil para a produção de energia. Para atender a demanda crescente de cerâmicas e tijolos, cada vez, mais novas áreas de florestas nativas são exploradas. Procura-se sempre por espécies de alto poder de queima, e que conseqüentemente, são aquelas de maior durabilidade e menor crescimento. “Se em uma área de um hectare é retirado um metro cúbico de madeira, sendo essa madeira proveniente de árvores com mais de 350 anos de idade, então espera-se que só passados outros 350 anos é que se poderá explorar novamente, essas mesmas espécies, nessa área” diz o engenheiro florestal Giuliano Piotto, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Ainda segundo o pesquisador, a facilidade de acesso às áreas que já foram exploradas diminui o tempo e o custo de produção. O que é interessante para as olarias, que precisam atender a crescente demanda de tijolos, porém catastrófico para a floresta que não consegue se recuperar em um intervalo tão curto de tempo Para solucionar esse problema, e futuramente evitar uma crise nesse mercado, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, através de pesquisas querem implantar nessas empresas uma nova maneira de explorar a madeira para lenha, a chamada Florestas Energéticas. As florestas energéticas são reflorestamentos homogêneos (de uma única espécie) com a finalidade produzir madeira para a combustão (queima). “Nós começamos essa pesquisa em 1995, nós estamos 2009, temos 14 anos de trabalho. Basicamente, no começo da pesquisa não tínhamos ainda as espécies que poderíamos utilizar produzindo energia aqui na região, fizemos uma pesquisa junto a essas empresas, que usam lenha, verificamos quais as espécies utilizadas da floresta nativa, e da floresta secundária, e identificamos uma lista de espécies”, diz o pesquisador responsável pelo projeto o Engenheiro Florestal, Roberval Lima. Após anos de estudos, e seleção das espécies que melhor se adaptaram a região, e ao clima, duas espécies se destacaram com características potenciais para a produção de lenha, foram a Acacia Mangium e Acacia Auriculiformis.As duas espécies apresentam um crescimento rápido, e tem alto poder de queima, e são ideais para serem usadas como lenha. As acácias são espécies de árvores originárias da Austrália, e se adaptam a diversos tipos de solo, alta capacidade sobrevivência, se adaptando bem às condições ambientais da Amazônia. “No Polo Oleiro-Cerâmico de Iranduba e Manacapuru, implantamos os novos modelos produtivos junto com os empresários, para eles testarem essas espécies, já na produção de tijolos e ver a qualidade da madeira. O trabalho de implementação ainda está começando, não está sendo utilizado por todas as empresas de cerâmica do município. Só duas cerâmicas implantaram o projeto-piloto da Embrapa”, afirma Lima. Ainda é pouco, mas o importante é que providências já estão sendo tomadas, se existe um setor que demanda tijolos, e se a indústria desses tijolos demanda madeira para queima, conseqüentemente existe uma necessidade de preservar as áreas de floresta nativa. Na região Amazônica já existem grande extensões de áreas degradadas, então o reflorestamento para fins energéticos mostra-se uma alternativa viável, tanto para a preservação da floresta, quanto para o consumo. Dessa forma, garante-se madeira de qualidade para queima, e você pode ficar aliviado da próxima vez que precisar reformar sua casa, e saber que todos aqueles amontoados de tijolos foram fabricados de forma limpa e consciente sem degradar a natureza.


Fonte:


EMBRAPA
UFRPE-Universidade Rural de Pernambuco,
Revista Superinteressante
Luizmeira.com



Equipe:

Camila Caetano

Greicy Kely

Luana Ribeiro

Priscilla Costa

Thaís Bompastor

Sidnei Furtado




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